22 de junho de 2010

Direito de Resposta!

Muito já se falou sobre o último campeonato brasileiro.  Coisas boas, coisas ruins, elogios, críticas...  Eu mesmo já toquei minha vuvuzela nesse assunto por algumas vezes.  Como o blog é regido por uma democracia relativa (todos podem  dar opinião, mas eu só publico o que eu quero :-) ) eu decidi dar a palavra a quem ralou para que o campeonato acontecesse. 
Eu usei o mesmo modelo de entrevista que fiz para os campeões até para que conhecessemos um pouco mais do Paulo.

Fala aí Paulo

"Obrigado pela oportunidade é bom esclarecer alguns pontos e dificuldades que encontrei para organizar um brasileiro.

Começei na prancha vela nos anos 80 onde aprendi a velejar e principalmente me equilibrar. Não foi fácil após alguns tombos me envolvi a fundo. Participei do Holliwod Vela, campeonatos catarinense e paranaense onde me tornei campeão na classe leve em 1983. Queria mais e tentei os primeiros saltos em ondas mas por falta de grana não consegui acompanhar a evolução do material que na época era todo importado e ainda estudava engenharia mecânica. Fiz surf , vôo livre (parapente) mais alguns anos e tenis mas chegando aos 50 a coisas vão ficando mais difíceis e o rádio controle é sem dúvida uma alternativa maravilhosa.

Em 2008 em viagem ao Paraguai dei de cara em uma vitrine com um Victoria da Thunder Tiger. Comprei e fui feliz para casa montar sem saber na encrenca que tinha comprado . mas valeu pelo aprendizado.Me tornei sócio do Asas do Vale em Gaspar onde conheci os amigos que tenho hoje da vela e comprei um barco usado um litlle best que naufragou ali mesmo só encontrando um ano após.Estava próximo do brasileiro no Rio, então comprei tudo novo meu segundo litlle best verdinho 2009 , acabei na 8º colocação.

A idéia de fazer um campeonato na minha cidade onde sou o único velejador, partiu da beleza do lugar. Velejei sozinho na raia por várias vezes e imaginava ela repleta de barcos.Trazer um espetáculo dessa natureza em praça pública, precisaria do apoio e autorização da prefeitura. Queria também com isso mostrar ao público que existe uma modalidade tão divertida e ao mesmo tempo competitiva que pode preencher nosso tempo. Foram vários nãos na secretaria de turismo e depois na de esporte. Até que na décima tentativa finalmente fui recebido e a finalmente abraçaram a idéia.

A comissão foi formada com Célio e Pedro Stier. Foram 6 meses de muita conversa e troca de informações, mas como eu era o único a morar na cidade tive que me desdobrar.

Foi prometido em reuniões: um toldo grande, um pequeno na área de pilotagem,um barco de apoio, mesas , cadeiras, som e um flutuante. Esse último foi o responsavel por pelo menos 10 noites mal dormídas de 2 a 3 h. A dois dias do campeonato ele ainda não existia. Para completar o barco o toldo menor e a segurança a noite me foi negado. Sai atrás de bombonas, caminhão, madeira, chapa, segurança, montagem e desmontagem do circo todo.Como aquilo que é dado não se pode cobrar tive que arrumar soluções de último hora que fujiram ao orçamento. Sem dúvida algumas coisas saíram erradas. Faltou colocar água para lastrear o flutuante, que ficou alto. Foram comprados para área de pilotagem 3 barracas quadradas 3x3 que não foram instaladas devido aos fortes ventos que na primeira noite chegou a derrubar a tenda grande. Imaginem as pequenas aonde estariam no dia seguinte. Organizar e competir até da mas não para almejar uma colocação entre as cinco primeiras como queria.O 14º foi o melhor que consegui sendo as duas últimas regatas as melhores com dois 4º na A. Sem falar que na penúltima esqueci de passar no portão, tive que voltar em popa depois de ouvir o sinal de vitória e ainda cruzar em 4º, poderia ter conseguido um 3º.

Ano passado fui participar do IOM nacional americano em San Diego California USA. O que vi dar certo lá aqui não foi aprovado pela comissão apesar na minha insistência. Não podemos ter parada para almoço, lá não tem. É feito um pedido pela manhã onde todos escolhem o tipo de sanduíche frio que quer e as 11:30 é colocado em uma mesa e pasmem ninguém avança ou pega dois em vez de um. Refri e áqua a vontade com salgadinhos para completar o dia. Ninguém reclama todos competem entre uma e outra regata come e a coisa não para. Com 45 barcos 3 flotilhas foram mais de 70 regatas. Passou o último barco chama-se a regata seguinte sem intervalos .Das 9 as 17:00 sem parar. Precisamos mudar.

Nos culparam pelo número pequeno de regatas, mas o tempo não ajudou, o almoço e mais os pedidos de reparação completaram muitas horas sem competição. A raia sem dúvida requer um vento mínimo de pelo menos 3 Knots , mas é um grande desafio com correntes do rio e mar dificultando a vida de todos e trazendo com isso uma velejada muita mais técnica, diferentes de lagoas paradas como estamos todos acostumados. E o nosso campeão deu um show, Daniel Muller chegou analisou e descobriu como vencer todas as dificuldades. Sem nenhum pedido de reparação colocou mais que o dobro de pontos sobre o nosso maior vencedor de campeonatos nacionais e internacionais Pedro Stier que teve um participação razoável 4º pelo potencial que tem.. Parabéns ao Wilson que sem nenhuma vitória ficou em 2º , ao Rolf que se concentrou velejou calado e obteve um 3º e ao Vadalá que com barco emprestado ficou na 5º em um campeonato muito difícil, onde tivemos todas as possibilidades de ventos e velas.

Para o mundial vou sim e pretendo ficar entre os 10, vou me concentrar e seguir o conselho de meu amigo pedrinho ( coloque a faca entre os dentes e vá a luta).

Mensagem final a prefeitura esta animada e com algumas conversas podemos trazer o Mundial de RG 65 para Balneário Camboriú, melhorando ainda mais a estrutura do campeonato, mas sem almoço eu peço a todos.

Obrigado Beluco pela oportunidade e sob o sinal sonoro que brinda a vitória também trouxe de San Diego lá ouvi duas vezes (fiquei 33º colocado USA). Esse ano será em Dallas no Texas e pretendo ir também. Convido quem tiver IOM para viajarmos juntos em outubro. A piscina de água doce foi de um DVD que assisti do mundial na França de IOM.

Paulo Krinke"
 
Com esse depoimento declaro encerrado os trabalhos sobre o Brasileiro.  Não tem mais entrevistas, depoimentos, direito de resposta...
Tudo que tinhamos a falar sobre esse tema já foi dito.  Agora é pensar no mundial!!!
 
Essa semana ainda começo a série sobre os projetistas e construtores.
 
Um abraço,
 
Belluco

Um comentário:

Anônimo disse...

Parabéns pela bela matéria.